O “cabrito humano” que conseguiu uma carreira na ciência por aceitar comer qualquer coisa

Por , em 5.01.2014
Hoelzel com 27 anos depois de um jejum de 15 dias

Hoelzel com 27 anos depois de um jejum de 15 dias

Desde adolescente, Frederick Hoelzel (1889-1963) adotou um método estranho de perda de peso. Ele limitou sua dieta a substitutos alimentares não calóricos, como espigas de milho, serragem, cortiça, penas, amianto, etc (definitivamente não faça isso em casa!). Sua refeição favorita era algodão cirúrgico cortado em pequenos pedaços.

Mais tarde em sua vida, durante os anos 1920, ele começou a trabalhar na Universidade de Chicago (EUA) e colocou seu talento para comer substâncias incomuns para uso científico, através da ingestão de uma variedade de materiais inertes, a fim de medir a rapidez com que eles passavam por seus intestinos.

Por exemplo, ele engoliu cascalho, que foi visto em seu banheiro 52 horas mais tarde. Esferas de aço e peças dobradas de arame levaram, aproximadamente, 80 horas para passar por ele. Pelotas de ouro se movimentaram em um ritmo calmo através de seus intestinos, emergindo apenas após 22 dias. Vidro mostrou-se muito mais rápido, acelerando através de seu canal alimentar em apenas 40 horas. Seu recorde de velocidade intestinal foi criado por um pedaço de barbante amarrado, que passou por ele em apenas uma hora e meia, ajudado por um ataque violento de diarreia.

Tabela das medidas de velocidade que ele fez das substâncias que ingeriu

Tabela das medidas de velocidade com que as substâncias que ingeriu saíam de seu organismo

Hoelzel continuou esses experimentos nada apetitosos diariamente por muitos anos, durante a década de 1930. O Natal era o único dia do ano no qual ele fazia uma pausa desta tarefa sombria para permitir-se uma pequena e simples refeição de alimentos totalmente digeríveis.

A dieta extrema o deixou esquelético. Um repórter não identificado que visitou seu laboratório em Chicago em 1933 escreveu: “Suas mãos são como as de um inválido, brancas e ossudas, seu pomo de Adão se destaca de um pescoço magro e sua pele é incolor, exceto por uma rede de linhas azuis finas, especialmente sob os olhos”.

Hoelzel em 1955, com 65 anos

Hoelzel em 1955, com 65 anos

Hoelzel nunca se tornou um professor titular, só atingindo o posto de “assistente de fisiologia” na Universidade. Ele foi mais conhecido pelo apelido que a imprensa americana lhe deu: “Human Billy Goat”, algo como “bode ou cabrito humano”.

Hoelzel pode ter sido portador de uma doença conhecida pela sigla “Pica” (também chamada de alotriofagia ou alotriogeusia), distúrbio raro que causa apetite por coisas ou substâncias não alimentares (como terra, moedas, carvão, giz, tecido, etc) ou vontade anormal de ingerir produtos considerados ingredientes de alimentos, como farinha, tuberosas cruas, amido, etc. [MadScienceMuseum]

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