Estudo diz que desistir do Facebook te torna menos polarizado politicamente

Por , em 4.02.2019

Há muitas razões para sair definitivamente do Facebook, desde preocupações com a proteção dos seus dados pessoais até para evitar manipulação política. Sair das redes sociais em geral reduz a ansiedade e sensação de pressão para ter uma vida considerada “perfeita”.

Mas um novo estudo de Stanford e da Universidade de Nova York (EUA) mostrou que há um outro benefício que não costuma ser citado: quem desiste da conta do Facebook fica menos polarizado politicamente. Além disso, essas pessoas aumentam as atividades off-line e aumentam a socialização com amigos e parentes.

O estudo não pediu que eles desistissem da rede social para sempre, apenas por um período de quatro semanas. Os 2.844 participantes que usavam a rede social por pelo menos 15 minutos por dia desativaram suas contas um pouco antes das eleições de meio de mantado dos EUA, que aconteceram no dia 6 de novembro.

Mas qual usuário ávido aceitaria passar por esta mudança sem receber nada em troca? Para convencer os participantes a fazer isso, os organizadores sortearam algumas pessoas para receber a quantia de US$102 (R$374), o mesmo valor que a conta de um usuário comum vale para o Facebook.

Os pesquisadores enviaram mensagens diárias e questionários para os participantes para acompanhar o comportamento de todos.

Quebra de vício


Os resultados foram bastante positivos: quem desativou a conta liberou, em média, uma hora por dia para outras atividades. Algumas pessoas usaram esse tempo para ver TV ou passar mais tempo com a família e com amigos. Não houve uma tendência em substituir o Facebook por outra rede social como o Twitter.

Houve uma melhora pequena mas significante nos níveis de felicidade, satisfação de vida, depressão e ansiedade nos participantes. Essas melhoras foram observadas tanto em quem usa o Facebook ativamente com geração de conteúdo quanto em quem é passivo e apenas observa os posts dos outros.

Eles também mostraram menor tendência a dizer que “acompanhavam o noticiário político ou sobre o presidente, e menos capazes de responder corretamente perguntas factuais sobre notícias recentes”, diz o artigo dos pesquisadores.

Isso sugere que o Facebook tem um impacto na democracia ao aumentar as divisões políticas enquanto educa os usuários sobre eventos atuais.

“O que você entende deste estudo é que o aumento das mídias sociais – em especial o Facebook – é uma espada de dois gumes”, diz o pesquisador principal, Matthew Gentzhow.

Alguns não quiseram voltar

O interessante foi que os participantes do estudo não voltaram correndo para o Facebook depois das quatro semanas de experimento. Em média, eles passaram 23% menos tempo em seus aplicativos do Facebook do que o grupo de controle. Muitos desinstalaram de vez o app de seus smartphones e não tiveram vontade de voltar a interagir com o serviço.

Isso sugere que o uso do Facebook pode ser resultado de um hábito que uma vez que é quebrado, pode ser mantido. O fato de as pessoas dizerem que queriam usar menos a rede social no futuro é consistente com teorias de vício, diz Hunt Allcot, outro pesquisador do trabalho. [Stanford Institute for Economic Policy Research, Futurism]

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