Segredo das misteriosas pedras andantes do Vale da Morte é desvendado

Por , em 28.08.2014

A “Racetrack Playa” (“Praia da Pista de Corrida”, em tradução livre), um leito de lago estéril no Death Valley National Park (Parque Nacional do Vale da Morte) entre os estados de Nevada e Califórnia, nos EUA, é o lar de uma das maravilhas naturais do mundo: as “pedras andantes” que misteriosamente serpenteiam através da lama seca, deixando um rastro de movimento atrás de si.

Desde os anos 1940, essas rochas têm alimentado admiração e especulação, porque ninguém as tinha visto em ação – até agora.

Uma equipe de cientistas dos EUA registrou pela primeira vez estas pedras em movimento, utilizando monitores de GPS e fotografia no formato time-lapse, aquele que é usado geralmente para mostrar o movimento do sol, das estrelas ou do trânsito na cidade. Ao rastrear meticulosamente dados meteorológicos, os cientistas também explicaram como essas rochas “caminham” pelo chão. O que era uma das maravilhas naturais do mundo agora parece ser a combinação perfeita de chuva, vento, gelo e sol.

Desvendando o mistério

Anos atrás, pesquisadores viajaram para a Racetrack Playa com abundância de instrumentos a tiracolo. Eles instalaram uma estação meteorológica e várias câmeras de time-lapse em torno da “playa”. Então, colocaram 15 rochas calcárias de vários tamanhos embutidas com GPS em todo o lugar. Era hora de esperar – a parte chata.

No entanto, as coisas começaram a ficar interessantes em novembro de 2013. No final do mês, quantidades significativas de chuva e neve criaram um pequeno lago no extremo sul da praia. Quando dezembro chegou, as rochas incorporadas com GPS começaram a se mover, com a mais pesada tendo quase 16 kg. As rochas atingiram velocidades incríveis de 3 a 5 metros por minuto. Mais importante ainda, a corrida foi gravada. Mas então o que fez com que as rochas se arrastassem?

Obtendo o sinal verde

Teorias passadas atribuíam os movimentos das rochas a ventos fortes e à água, em estado líquido ou sólido. Mas os cientistas descobriram que, na verdade, é um cuidadoso equilíbrio de todos esses fatores.

O pequeno lago na porção sul da praia ciclicamente congela durante a noite e descongela sob o sol do meio-dia. Quando o sol aquece a lagoa, finas camadas de gelo da superfície começam a quebrar em enormes folhas flutuantes com dezenas de metros de tamanho. Embora as camadas de gelo sejam grandes, só têm alguns milímetros de espessura.

Mas o congelamento e descongelamento não é suficiente por si só para mover as pedras. Um vento leve e constante de cerca de 11 a 14 km/h também é necessário, antes que o gelo se derreta completamente. Este vento, cronometrado com o derretimento do meio-dia, empurra painéis maciços de gelo nas pedras.

Quando o gelo acumula atrás das pedras, gera uma força suficiente para colocá-las em movimento. Ao invés de flutuar ou rolar, as rochas fazem seu caminho através da lama, deixando para trás as suas pegadas.

Elas não se movem se há muita água ou gelo, muito sol ou vento, ou se não há nenhum dos elementos em quantidade suficiente. Tudo deve agir em perfeita harmonia para que as pedras andantes de fato andem. Interessante, não? [Discover Magazine]

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