Grossura do pescoço pode ser o melhor indicador de gordura corporal

Por , em 7.07.2010

Nos últimos anos, o IMC (Índice de Massa Corporal) se tornou um verdadeiro campeão de credibilidade quando se fala em saber quão gordo cada um de nós está. A fórmula para saber o seu IMC é bem simples: descubra seu peso e divida-o pelo quadrado da sua altura. O número deve estar entre 18.5 e 24.9. Se o seu estiver fora dessa faixa, você está com peso demais ou de menos.

Contudo, pesquisas recentes mostraram que o IMC é um cálculo que, em alguns casos, do ponto de vista médico, pode se mostrar falho, enganoso e impreciso. Afinal, trata de um indicador de saúde, e médicos afirmam que relacionar apenas peso e altura é um cálculo mito raso. Por essa razão, pesquisadores de universidades americanas do Michigan e Alabama anunciaram que há um método inusitado mais confiável do que o IMC: a circunferência do pescoço.

Os objetos de estudo foram 1.102 crianças e adolescentes, grupo para o qual, sabidamente, o IMC não tem a mesma eficácia do que para os adultos. Todos tiveram medidos seu peso, altura e circunferência do pescoço. Para os adolescentes, a medida foi feita sobre o pomo de adão. A partir das medidas, feitas com uma fita métrica comum, os pesquisadores construíram uma tabela, indicando a “linha da obesidade”: Se o pescoço for mais grosso do que isso, de acordo com a idade, o jovem é obeso:

Meninos

  • 6 anos: 28,5 cm
  • 10 anos: 32 cm
  • 14 anos: 36 cm
  • 18 anos: 39 cm

Meninas

  • 6 anos: 27 cm
  • 10 anos: 30,5 cm
  • 14 anos: 32 cm
  • 18 anos: 34,5 cm

Segundo um dos coordenadores da pesquisa, um dos defeitos do IMC é não indicar corretamente a Gordura Corporal Central, que é o mais realista como indicador de saúde. A partir dela, pode-se saber o risco de doenças cardíacas, diabetes e hipertensão. A circunferência do pescoço é um bom indicador nesse sentido.

Assim, em linhas gerais, os médicos não descartam o IMC. É um método desenvolvido ao longo de décadas por profissionais da saúde, e não deixa de ter sua validade. Contudo, não deve ser o único indicador. [CNN]

4 comentários

  • Raphael Mafra:

    Vale ressaltar que os índices obtidos por medidas antropométricas, apesar de validados, proporcionam resultados indiretos. Assim, quando se fala em Gordura Corporal Central, as medidas deste segmento são as que mais diretamente (ou menos indiretamente) refletem os resultados esperados. Os estudos realizados por Tran e Weltman (1988) e Weltman e col. (1988) utilizam-se das circunferências da cintura, abdômem, quadril, mais a massa corporal total para estimar a gordura em indivíduos obesos. Talvez uma associação entre estas circunferências e a circunferência do pescoço torne o resultado ainda mais confiável. Grande abraço!

  • Flavio Zaniz:

    Para quem trabalha com avaliação física sabe que o uso do IMC é totalmente incorreto do mesmo modo que o uso de cálculos de FCmáx (220-idade) também está errado. É engraçado como as pessoas, até mesmo médicos, saem usando cálculos sem saber de onde surgiram e sem saber se existem métodos mais precisos para se usar. No caso da gordura corporal existem diversos métodos (DEXA, dobras cutâneas (DC), ressonância, etc). Porém esses métodos são caros, assim o método mais indicado para o diagnóstico de obesidade em termos populacionais é o método cineantropométrico de determinação do percentual de gordura. Possui grande valor científico e baixo custo operacional. O método é utilizado principalmente em atletas, onde qualquer variação das medidas corporais tem grande influência em seu desempenho físico. Através do peso corporal, estatura e algumas dobras cutâneas (medida da espessura da pele e gordura subcutânea), permite-se estimar a quantidade de gordura corporal existente em uma pessoa. Cabe ao IBGE, à OMS e à comunidade científica mundial a admissão de índices corretos na determinação da obesidade.

  • Flavio Zaniz:

    Além disso, existem diversos fatores que mostram que o uso do IMC dá errado:

    – pessoas negras ou ativas fisicamente, em geral, possuem maior densidade mineral óssea, portanto tendem a apresentar um peso ósseo mais elevado, e por conseqüência, maior IMC;

    – atletas de força, como fisiculturistas e levantadores de peso, possuem maior quantidade de massa muscular do que a média da população. Pelo IMC a grande maioria é considerada obesa, percepção facilmente refutada pela observação visual;

    – pessoas com diâmetros transversais ósseos proporcionalmente maiores em relação à estatura (diâmetro de tórax, ombros, bacia, joelhos, braços) também tendem a ter um IMC elevado;

    – indivíduos com estatura maior que a média e com diâmetros transversais menores (os chamados ectomorfos), podem ser classificados como baixo peso pelo IMC;

    – pessoas com peso corporal adequado aos padrões do IMC podem ter pouca massa magra e muita massa de gordura. São os chamados “falsos magros”, pois tem aspecto visual de pessoas com peso normal ou reduzido. No entanto, possuem percentual de gordura elevado, fato muito comuns em mulheres adultas jovens. Escapam do diagnóstico correto e da necessária correção do estilo de vida.

  • Flavio Zaniz:

    Quetelet, o criador da fórmula original do IMC criou o IMC com motivações antropológicas. Jamais quis classificar o ser humano em relação aos padrões de peso (baixo peso, peso normal, pré-obesidade ou obesidade), como é amplamente divulgado no cotidiano ! Através de pesquisas posteriores, com metodologias e fundamentos questionáveis, estabeleceram-se relações com indicadores de saúde, o que causou a deturpação do objetivo inicial. Um indicador matemático, criado com um objetivo e utilizado para outro, certamente encontra inconvenientes estatísticos, tornando-o menos preciso à nova “indicação”.

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