10 fatos fascinantes sobre os neandertais
De todas as espécies de hominídeos extintas, os neandertais são provavelmente os mais bem estudados. Várias descobertas foram feitas sobre nossos primos distantes, que revolucionaram a forma como os vemos. Por exemplo, os cientistas costumavam pensar que os neandertais e os humanos modernos não haviam reproduzido entre si. Agora, sabemos que as duas espécies coexistiram e acasalaram, produzindo descendência híbrida mais resistente e mais inteligente.
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10. Eles tinham herpes
Ao contrário da crença popular, herpes genital não é uma doença moderna. É tão antiga que tem atormentado a humanidade por milhares de anos. Uma nova pesquisa sugeriu que os neandertais podem ter sofrido com esta condição sexualmente transmissível também, e isso pode ter contribuído para sua extinção. Pesquisadores da Universidade de Oxford Brookes e da Universidade de Cambridge concluíram que os neandertais sofriam de herpes genital depois de analisar genomas de patógenos antigos. Eles creem que os seres humanos modernos passaram a doença aos neandertais. Cerca de 100.000 anos atrás, os seres humanos e os neandertais começaram a interagir e cruzar uns com os outros. Todos nós carregamos 2 a 5% de DNA neandertal como resultado deste cruzamento. Além de herpes genital, os pesquisadores também argumentam que os humanos modernos passaram tênias e úlceras estomacais aos seus primos extintos. Parece que queríamos exterminá-los, mesmo.
9. Seus olhos grandes podem ter contribuído para sua extinção
Neandertais têm olhos maiores do que o de seres humanos modernos. Este fato levou Eiluned Pearce, da Universidade de Oxford, a sugerir que tais olhos enormes podem ter causado sua extinção. A ideia é de que uma grande parte do cérebro neandertal era dedicada à visão e controle do corpo, deixando menos áreas para lidar com outras funções, como redes sociais. Nossos primos extintos enfrentaram grandes problemas, como alterações climáticas e a competição de humanos modernos contemporâneos, e foram severamente prejudicados. Hipoteticamente, se os neandertais tivessem a capacidade de formar redes sociais complexas, talvez pudessem ter sobrevivido às catástrofes que levaram à sua morte.
Nem todos os cientistas gostam dessa teoria, porém. Um deles é John Hawks, da Universidade de Wisconsin-Madison. Junto com seus colegas, ele examinou 18 espécies de primatas vivos, concluindo que “grandes olhos indicam maiores grupos sociais”. Hawks crê que o tamanho dos olhos não tem nada a ver com a formação de redes sociais. Além disso, ele acha que a razão pela qual os neandertais tinham olhos grandes é que eles eram um pouco maiores do que os nossos ancestrais, logo, seus olhos tinham que ser proporcionais aos seus corpos.
8. Eles fortaleceram nosso sistema imunológico
Em janeiro de 2016, pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva e do Instituto Pasteur publicaram dois estudos independentes que mostravam que o cruzamento com os neandertais reforçou o sistema imunológico dos humanos modernos. Quando nossos ancestrais migraram da África para a Europa, o acasalamento com outra espécie hominídea resultou em híbridos que possuíam variações genéticas capazes de afastar infecções de forma mais eficaz.
A pesquisa também apontou que, além dos neandertais, os seres humanos modernos também cruzaram com os denisovans. Os denisovans são um grupo extinto de hominídeos que coexistiram com os neandertais e os humanos modernos. Infelizmente, não sabemos muito sobre eles. Descobertos na caverna Denisova no sul da Sérvia, eles têm a mesma origem que os neandertais, mas são geneticamente distintos. Os cientistas acreditam que o cruzamento com os denisovans também contribuiu para o desenvolvimento do sistema imunitário humano moderno, mas nos causou alguns problemas: faz alguns de nós mais propensos a ter alergias.
7. Eles comiam plantas e tinham dentes melhores
Especialistas costumavam pensar que os neandertais comiam predominantemente carne. Uma nova análise dos dentes de nossos primos extintos, no entanto, mostrou que eles eram herbívoros também, e ainda que se automedicavam, consumindo ervas como camomila e erva-dos-carpinteiros. Camomila é conhecida por acalmar dores de estômago, enquanto a erva-dos-carpinteiros é usada para aliviar a dor de dente. Esta descoberta foi significativa porque comer plantas com nenhum valor nutritivo sugere que os neandertais possuíam um conhecimento detalhado de seu ambiente, e eram mais inteligentes e engenhosos do que pensávamos.
Os pesquisadores também descobriram que os neandertais tinham dentes mais saudáveis em comparação com seus contemporâneos humanos. Um estudo mostrou que eles perdiam menos dentes do que humanos com dietas equivalentes. O estudo da Universidade da Califórnia Davis comparou os dentes de seres humanos modernos, neandertais e outros primatas (como babuínos, orangotangos e chimpanzés) e concluiu que os seres humanos modernos tinham os piores dentes, enquanto os neandertais tinham menos cáries.
6. Eles sabiam usar palitos de dente
Cientistas descobriram que os neandertais sabiam limpar os dentes usando palitos. Esta descoberta foi feita após 13 esqueletos serem encontrados na caverna El Sidrón, na Espanha, com pelo menos 49.000 anos de idade. Anita Radini, arqueóloga da Universidade de York, e sua equipe examinaram os dentes desses esqueletos e acharam vestígios de madeira conífera presa no cálculo dental (placa bacteriana fossilizada) de alguns. Isso os levou a acreditar que nossos primos extintos usavam cascas de madeira para limpar os dentes e aliviar dores na gengiva. Também poderia sugerir que os neandertais usavam seus dentes como uma “terceira mão” para segurar ferramentas. Essa descoberta não é surpreendente, pois estudos anteriores demonstraram que eles sabiam tirar o máximo do seu entorno, incluindo madeira. Neandertais eram capazes de criar fogueiras e lanças com o material, por exemplo.
5. Eles aumentaram nossas chances de ataques cardíacos, dependência de nicotina e depressão
Depressão, dependência de nicotina e ataques cardíacos são alguns dos problemas de saúde que afligem a sociedade hoje. Embora estas doenças pareçam modernas, uma nova pesquisa da Universidade Vanderbilt e da Universidade de Washington sugere que podem ter se originado com os neandertais. A conclusão veio depois da análise dos registros médicos e dos genes de 28.000 pessoas. Os cientistas determinaram as condições de saúde dos indivíduos, e os seus genes lhes permitiram descobrir se o seu DNA foi herdado dos neandertais. Ficou claro que a presença de DNA neandertal aumentava ligeiramente os riscos de saúde de um indivíduo.
4. Eles nos deram diabetes
O geneticista David Altshuler, da Universidade Harvard, e seus colegas sugeriram que os humanos modernos podem ter obtido as mutações para a diabetes dos neandertais. Essa conclusão não prova necessariamente que nossos primos extintos sofriam da doença. Significa apenas que as mutações que causam diabetes tipo 2, especialmente entre latinos e asiáticos, se originaram nesta espécie. Altshuler e seus colegas fizeram a descoberta depois de examinar o DNA de 8.000 residentes do México e da América Latina. As pessoas escolhidas para a pesquisa eram de ascendência indígena americana e europeia.
3. Eles eram em sua maioria destros
Pessoas destras vastamente superam as canhotas. Estima-se que 70 a 95% da população da Terra seja destra, e estudos mostram que os neandertais também eram predominantemente destros. Em 1957, um esqueleto neandertal chamado Regourdou foi descoberto na França. Seu braço direito era mais musculoso, então foi sugerido que ele era destro. Naquela época, não havia nenhum método disponível para verificar a hipótese. Este foi desenvolvido em 2012, por pesquisadores da Universidade de Kansas. Eles conduziram uma análise complexa dos ombros e braços de Regourdou e conectaram os resultados com as marcas de arranhões nos dentes do neandertal – ele tinha mais arranhões em ângulo direito nos dentes. Eles descobriram, assim, que o indivíduo era mesmo destro. Provar que a maioria dos neandertais era destra indica que nossos primos extintos tinham a capacidade para a linguagem.
2. Eles enterravam seus mortos
Em 1908, vários ossos neandertais foram descobertos em La Chapelle-aux-Saints, no sudoeste da França. Os restos estavam tão bem preservados que, no momento, os cientistas especularam que tinham sido intencionalmente enterrados. Isso se transformou em um debate acalorado entre especialistas, que afirmaram que a descoberta tinha sido mal interpretada. Em 1999, William Rendu e sua equipe escavaram sete outras cavernas em La Chapelle-aux-Saints. Eles descobriram os esqueletos de duas crianças e um adulto, juntamente com os restos de uma rena e um bisão. Os pesquisadores analisaram a depressão onde os esqueletos foram descobertos e perceberam que não era uma característica natural do chão da caverna, indicando que este tinha sido cavado intencionalmente. Os cientistas também acrescentaram que as condições indicavam que os esqueletos tinham sido cobertos logo após a sua morte. Isso indica que os neandertais tinham capacidade cognitiva relativamente sofisticada, mais do que pensávamos anteriormente.
1. Cientistas querem cloná-los
Neandertais foram extintos há milhares de anos, mas podem um dia voltar a conviver com a gente. Esta ideia radical é possível graças à clonagem. Os cientistas já foram bem sucedidos em clonar certas espécies de animais, como vacas, porcos, ratos, cães e gatos. Em 2003, eles alcançaram um feito monumental quando clonaram o íbex-dos-pirenéus, uma espécie extinta de cabra selvagem. Infelizmente, o clone morreu minutos depois. A técnica usada nestes casos envolveu transferência nuclear e “células intactas” (frescas ou congeladas) do animal a ser clonado. Mas não existem células intactas neandertais, e seria necessário extrair DNA de ossos de 40.000 anos de idade.
Em 2012, o geneticista George Church, da Universidade Harvard, sugeriu um método de clonagem que não envolve células intactas. Ele propôs o uso de células saudáveis de algumas espécies estreitamente relacionadas. Para os neandertais, estas viriam de humanos modernos. Em seguida, o DNA poderia ser manipulado para coincidir com o genoma neandertalense. Apesar da ideia de ressuscitar os neandertais ser teoricamente possível, provavelmente não vai acontecer em breve. A façanha é arriscada, cara e complicada. [Listverse]